Em defesa dos animais, ou em busca de uma qualidade de vida?
Eu não sou vegetariana, vegana e nem mesmo ovolactovegetariana. Cresci em meio a panelas fervilhando e exalando aromas de carne de caça. Sabores únicos que construiram meu paladar desde a infância.
Meu pai e alguns amigos tinham um grupo de caça e as vezes para o jantar tinhamos na mesa carnes de veado, paca, tatu, entre tantas outras.
Por opção, nas minhas refeições o consumo de carne não é tão frequente, pois gosto de variar no cardápio, porém tenho uma dieta onivora, não existe meio vegetariano e não sou como algumas pessoas que comem carne as vezes somente para minimiza a culpa ou qualquer sentimento ruim que tenha em relação ao assunto. Ser vegetariano é mais que uma opção, tem que ser consiente e com fundamento.
"Haverá um tempo em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente da mesma forma como hoje se julga o assassino de um homem." - Leonardo Da Vince
A dieta vegetariana vem sendo aderida por muitas pessoas nos últimos anos por questões de saúde, religião, meio ambiente, ética ou direito dos animais. Sabe-se que a alimentação vegetariana estrita e vegana exclui qualquer tipo de carne, e pode ainda eliminar outros tipos de alimentos como ovos, leite, mel e derivados animais.
Do ponto de vista nutricional existem benefícios e possíveis deficiências de um dieta vegetariana no organismo humano, assim como qualquer outra dieta. Nosso organismo precisa de uma variedade de nutrientes, encontradas em diversos alimentos.
O modelo alimentar vegetariano busca uma alimentação variada, saudável e equilibrada, a qual fornecerá níveis mais baixos de gordura saturada, colesterol, proteína animal e níveis mais elevados de carboidratos, fibras, vitamina C e E, entre outros nutrientes.
Porém, apesar dos muitos benefícios da alimentação vegetariana, deve-se cuidar para que não hajam implicações no estado nutricional do indivíduo, em virtude de possíveis deficiências de proteínas, minerais e vitaminas, pelo fato destes serem encontrados com maior facilidade em carnes e derivados, devendo ser observados e supridos, sempre que necessários.
Inúmeras organizações de saúde – nacionais e internacionais – atestam a dieta vegetariana estrita bem planejada como perfeitamente saudável para todas as idades, incluindo gestantes e crianças, bem como para atletas.
Segundo a ADA, maior associação de nutricionistas dos EUA, “A preocupação sobre os vegetarianos – especialmente os veganos e os atletas veganos – não consumirem proteína em quantidade e qualidade suficientes não tem fundamento. As dietas vegetarianas que incluem uma variedade de produtos vegetais fornecem a mesma qualidade proteica que as dietas que incluem carne.”
Em uma dieta vegana existe uma ingestão maior de frutas e vegetais, principais contribuintes de fitoquímicos, e de fibras que auxiliam na diminuição do risco de doenças. Normalmente as pessoas adeptas a essa dieta não fumam, ingerem pouca ou nenhuma bebida alcoólica e praticam mais atividades físicas que os demais. Podemos dizer que essas características são essenciais para uma vida saudável.
O não consumo de carnes melhora a manutenção do peso corporal, regula a pressão sanguínea, reduz as doenças cardíacas, diminui as desordens do trato gastrointestinal e reduz a prevalência de certos tipos de cânceres.
Os vegetarianos estão imunes a todas as doenças que possam ser adquiridas com a ingestão de carne, como por exemplo, a Encefalopatia espongiforme bovina popularmente conhecida como “doença da vaca louca” e alguns parasitas presentes especialmente nas carnes, como é o caso da teníase e também da cisticercose. Entretanto ressalta-se ainda que esta última pode ser transmitida não só pela carne de porco, mas também por outros alimentos que contenham ovos do parasita
Com a chegada da Bessie em nossa casa (uma porquinha de estimação), eu e meu marido cogitamos a idéia de aderir ao estilo de vida vegetariano. Mas isso tudo para mim é um processo, pois eu como tudo que possa ser ingerido por gostar do aroma, textura e principlamente o sabor, independente se o prato é uma salada nutritiva ou um fast food. Eu gosto de comer, se for saudável ótimo se não for, com certeza será gostoso.
Hoje, olhando para a Bessie, consigo entender o ponto de vista de alguns vegetarianos que se preocupam com a vida destes animais. É algo que vai além de simplemente se alimentar bem e de forma saudável.
Sabemos que tanto animais quanto vegetais são seres vivos e apesar de plantas poderem reagir a determinados estímulos ambientais, não possuem órgãos nervosos ou sensoriais, ao contrário dos animais confinados, torturados e mortos pela indústria pecuária. Plantas não têm um cérebro, ou nada que se assemelhe a um. Nem sequer de um ponto de vista evolutivo faria qualquer sentido que as plantas sofressem, uma vez que elas não podem se mover, e, portanto, não poderiam se livrar de um eventual estímulo doloroso.
Outro fator que para mim é muito aceitável, é que se pensarmos em um sistema estupidamente ineficiente, a pecuária gasta 7kg de plantas para a produção de apenas 1kg de carne. A carne teve um papel importante na evolução da nossa espécie, porém o nosso contexto atual é o de um planeta saturado pelo crescimento exponencial da população humana, sendo a pecuária uma indústria muito nociva.
Segundo a Sociedade Brasileira Vegetariana (2014), vegetarianismo é o regime alimentar segundo o qual nada que implique em sacrifício de vidas animais deva servir à alimentação. O regime vegetariano não é exclusivamente vegetal e seu nome não se origina de alimentação vegetal e, sim, do latim vegetus que significa "forte", "vigoroso", "saudável".
Por quase 2500 anos, europeus e americanos chamavam aqueles que seguiam o vegetarianismo de Pitagóricos. O termo vegetariano não era usado generalizadamente até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica em 1847.
Os argumentos de Pitágoras a favor de uma dieta sem carne apresentavam três pontos: veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. Estas razões continuam a ser citadas hoje em dia por aqueles que preferem levar uma vida mais saudável. O Cristianismo primitivo, com raízes na tradição judaica, viu o vegetarianismo como um jejum modificado para purificar o corpo. Isto tornou as restrições dietéticas, como o vegetarianismo, muito comuns no comportamento cristão da época.
As desvantagens que o vegetarianismo tem em relação com a saúde só ocorrem se a dieta não estiver balanceada, ou seja, é necessário ingerir os alimentos certos, nas quantidades recomendadas para que não haja déficit de nutrientes.
Os estudos demonstram que apenas a vitamina B12 pode estar em quantidade inadequada numa dieta vegetariana estrita bem planejada, e, nesse caso, é necessário complementá-la. Todos os outros nutrientes podem ser adequadamente supridos. Os estudos populacionais mostram que, de forma geral, os vegetarianos ingerem mais nutrientes (vitaminas e minerais). Apesar de muito comentada, a proteína não é fator preocupante na dieta vegetariana. Se a pessoa supre sua necessidade calórica com alimentos baseados em cereais e leguminosas, a cota protéica com todos os aminoácidos essenciais é atingida automaticamente do que os não vegetarianos.
Sabe-se que os riscos de uma dieta pobre em nutrientes, sendo ela vegetariana ou não, podem resultar em fraqueza, perda de memória, cansaço com facilidade, anemia, perda de peso, irritabilidade, entre outras.
A quantidade da proteína alimentar pode ser um problema potencial, isso se relaciona às questões de digestibilidade, assim como conteúdo real de proteínas de alimentos comumente estabelecidos. Teoricamente, dietas baseadas em leguminosas e cereais possuem potencial de fornecimento de quantidades mais do que adequadas de proteínas. Na prática, a digestibilidade das proteínas vegetais em sua forma natural é menor do que a das proteínas animais. Considerando uma digestibilidade de fontes vegetais é de 89% para o milho, 93% para o arroz, 90% para o trigo integral, 90 % para aveia e 82% para feijões. Como vemos, a discussão sobre a adequação protéica diz respeito principalmente aos vegetarianos estritos ou veganos.
A vitamina B12 é hidrossolúvel, não-sintetizada pelo organismo humano, presente em alimentos de origem
animal. Sua deficiência é muito freqüente entre idosos, vegetarianos e indivíduos que adotam baixa dieta protéica ou apresentam problemas de absorção gastrintestinal. A deficiência de vitamina B12 leva a transtornos hematológicos, neurológicos e cardiovasculares, rincipalmente, por interferir no metabolismo da homocisteína e nas reações de metilação do organismo. Muitas vezes a deficiência pode permanecer assintomática por longos períodos, desencadeando uma deficiência crônica que, se mantida, pode levar a manifestações neurológicas irreversíveis.
A deficiência de ferro é a desordem nutricional mais comum na atualidade e ocorre tanto nos países pobres quanto nos ricos. Estima-se que cerca de um terço da população mundial (mais de dois bilhões de pessoas) padeça de carência de ferro. Os estudos científicos demonstram que a incidência de anemia por deficiência de ferro é similar em vegetarianos e não vegetarianos.
Portanto, pode-se visualizar através dos pesquisados que uma dieta vegetariana trás muitos benefícios para a saúde, em comparação com suas desvantagens. A carne por conter gordura saturada, eleva o LDL colesterol, causando doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, sendo que para vegetarianos, diminui significativamente a ocorrência dessas doenças. O que pode ocorrer em vegetarianos estritos é a deficiência de vitamina B12, por não ingerir alimentos como leite e derivados, deficiência essa que não ocorre em lactovegetarianos. Contudo, se a dieta for adequada, não é preciso suplementação, por isso a importância de um acompanhamento nutricional. Portanto considera-se a Dieta Vegetariana como um importante fator de qualidade de vida e saúde, quando planejada adequadamente.
"Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. A ordem de vida vegetariana, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de uma tal maneira que melhorará em muito o destino da humanidade." - Albert Einstein
"O vegetariano no passado, usava cintos de corda e tamancos de madeira, por respeitar os animais. Era uma filosofia de vida tão difícil de ser seguida, que acabou por virar dieta na esquina do modismo."
O que vai determinar o tipo de vegetarianismo adotado é a exclusão ou a inclusão dos produtos derivados de animais.
Ovolactovegetariano: Não consomem nenhum tipo de carne (nem frango, peixe ou frutos do mar), mas consomem laticínios e ovos. Este tipo de vegetarianismo é o mais comum, embora os produtos de origem animal aceitos neste tipo de dieta não sejam, de fato, vegetarianos. Quando alguém se declara vegetariano, quase sempre pertence a este grupo. As motivações que levam uma pessoa a ser ovolactovegetariana variam, mas quase sempre estão ligadas a compaixão com os animais. Por isso, grande parte dos ovolactovegetarianos passam a ser veganos.
Lactovegetariano: Além de não consumir nenhum tipo de carne, os lactovegetarianos excluem também os ovos da dieta. Quase sempre este tipo de vegetarianismo está ligado à razões religiosas. É o tipo de vegetarianismo predominante em países como a Índia.
Ovovegetariano: não consome nenhum tipo de carne, leite e derivados. Mas consome ovos. Muitos dos que retiram o leite da sua alimentação fazem-no por preocupações ambientais, compaixão pelos animais ou por motivos de saúde (intolerância à lactose, por exemplo).
Vegetariano estrito: não consome nenhum tipo de carne, leite e derivados e ovos.
Vegano (Vegan): não consome nenhum tipo de carne, leite, laticínios, ovos, mel, não usam produtos que sejam de couro, camurça, peles, seda, e procura sempre usar produtos cosméticos que não sejam testados em animais.